CORRUPÇÃO: PREFEITO DE BARUERI É DENUNCIADO E CULPA SEU PRÓPRIO CANDIDATO
Orçada em R$ 60 milhões, a vistosa ponte sobre o Rio Tietê que liga a região de Alphaville e o bairro da Aldeia de Barueri virou caso de polícia, após denúncia de superfaturamento. Questionado no inquérito, o prefeito Rubens Furlan afirmou que não fiscalizou a construção e que a responsabilidade era do seu secretário de Obras, Roberto Piteri.
Anunciada com destaque em agosto de 2010, a ponte batizada de Akira Hashimoto foi idealizada para eliminar o gargalo entre os bairros de Barueri, separados pela rodovia Castello Branco e pelo rio. Originalmente, teria dois acessos auxiliares para veículos, um deles com colunas estilosas, além de sustentação por cabos nas duas bordas da estrutura.
A obra foi entregue em outubro de 2013 ao custo de R$ 80 milhões, porém, a estrutura não recebeu os dois acessos e, ao invés de cabos de sustentação laterais, apenas um único conjunto central foi incorporado ao projeto. Mesmo sendo visivelmente mais simples do que a proposta original, custou R$ 20 milhões a mais.
Virou inquérito policial sob o número 83/2016, por suspeita de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva. A empresa responsável pela obra, Jofege Pavimentação e Construção, com sede em Itatiba, chegou a resumir no curso da investigação que o objetivo do contrato era construir uma ponte, não suas alças de acesso.
A empresa ainda alegou que as mudanças que simplificaram o desenho original foram necessárias para adaptar a ponte às características do canal do Rio Tietê naquele trecho, após avaliação do órgão estadual DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica), garantindo que estes ajustes tornaram o método construtivo mais caro do que o previsto anteriormente.
O TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado), em despacho dado pelo TC- 14934/026/10, alertou para a falta de documentação por parte da prefeitura e da empresa para justificar as modificações estruturais, acréscimos de prazo e de valores.
Responsável
Prefeito de Barueri à época da licitação, Rubens Furlan foi eleito em 2020 para aquele que é seu sexto mandato. Agora em 2024, indicou seu vice, Roberto Piteri, conhecido como Beto, para ser candidato à prefeitura.
Beto Piteri era justamente o secretário de Obras durante a construção da ponte de R$ 80 milhões. Furlan prestou depoimento à Polícia Civil no dia 28 de novembro de 2019, registrou "não ser de responsabilidade do prefeito fiscalizar diretamente ou acompanhar obras em execução, dada a enorme quantidade de assuntos sob sua responsabilidade [...] sendo tal fiscalização atribuição do secretário responsável pela pasta".
Além de declarar que não acompanhou uma importante obra que custou R$ 80 milhões aos cofres públicos, jogou no colo do próprio candidato que escolheu para sucedê-lo a responsabilidade pelo ajuste no projeto e acréscimo de custos.
Beto Piteri também prestou depoimento à polícia e usou os mesmos argumentos da construtora para justificar as mudanças que deixaram o projeto mais simples, porém, milhares de reais mais caro do que o plano original.
O inquérito de fraude em licitação e corrupção ativa e passiva ainda não foi concluído.